domingo, 19 de dezembro de 2010

Era ela tãu boa que nãu era digna di ser humana...

... que dirá ser digna di mim. Digna di mim seria si fossi ela a desverdadi, u descompromissu, u desconvencional, u desóbiviu i todus valoris que consideru di "bem", pois nãu tê-lus é desumanu -- humanidadi é a desordem, us sete "pecadus" capitais, é a desobediência, u egoísmu bem mais que válidu, que infla a própria liberdadi em detrimentu da liberdadi alheia. Teria também, ela, que ter todus us defeitus i nãu-defeitus que fossem i que, talvez, nãu fossem meus -- "vou explicar melhor, meu caru leitor:"(ela diria, i eu diria que era essi um "defeitu", até perceber que era defeitu meu ver issu comu defeitu dela, quase nu mesmu instanti em que eu a convencia que era "defeitu" dela e acertu meu) em verdade, u exemplo entri parêntesis já explica u que eu quis dizer ( i eu diria comu "defeitu" essa transgressãu, seguidu pela gramática da língua de Camões, (embora seja, hoji, também uma transgressãu seguir a gramática, quasi um livru proibidu i ocultu para a Geraçãu Camisinha), pelas regras dus medíocris que si escondem sob as sombras dus grandis, ou nem tãu grandis, e talvez ela acreditassi em mim -- que pena... i que mal eu fiz a mim mesmu em fazer-lhi essi mal, em danar-lhi a originalidadi que, mesmu com grandi resistência, um dia eu perdi i que muitu me custou recuperar.

Quandu u ar falta tudu qui si quer é respirar, quandu si tem fomi, u que se quer é comer, logu, quandu si é privadu da liberdadi, u que si quer é libertá-si, i sabemus todus dissu, talvez nãu tãu conscientementi.

I, comu você podi perceber -- sim, seriam essas as palavras dela i assim seria também sua intervençãu, como a façu agora -- essi é um textu cheiu di transgressõis que fala (i alguns diriam "mas textu nãu fala..." i pra essis eu digu: fodam-si) di alguém que é humanu i assim dignu di sê-lu (por "honrar" u que é ser humanu real, i nãu idealizadu).

I, paradoxalmenti(ou nãu), essi textu é para alguém que nãu u mereci: eu. Nãu! Quis dizer: ela. Nãu sei... Será que não somus u mesmu? Digu que sim, ela que nãu, talvez u inversu, mas sendu sempri um u contrapontu du outru, sendu um sempri u que nãu é u outru, por issu sendu sempri diferentis, embora talvez sejam u mesmu.

" U difícil nãu é encontrar a verdadi, é, tendu uma vez encontradu-a, nãu fugir dela."
(Nãu sei u autor da frasi, nem u encontrei, por mais que procurassi, mas surgiu em minha menti i tenhu a impressãu di nãu ser minha.)


Postscriptum:

2. Estamos tão acostumadus com o artificial e complexo que o "natural" e simples nos parece antiquado.

3. 'Geração Camisinha' é como entendo a geração adaptada aos nossos tempos -- não só os "jovens", mas todos aqueles que participam dela de modo completamente passivo ou ativo --, que usa inúmeros recursos para se proteger de tudo. A "camisinha" não é só a que se usa nas relações sexuais, mas em todas as relações; desse modo, o computador, por exemplo, é uma muito utilizada camisinha, que nos leva a virtualidade, tornando-nos distantes do mundo em que vivemos, evitando que ajamos sobre ele e que ele aja sobre nós.

1. Você se pergunta sobre o porque de eu escrever "errado". Tenho, então, que perguntá-lhe: porque o jeito certo é o da gramática, do professor e do aluno e do mulato sabido? Porque o certo é o que se apega ao convencional e à complexidade ao invés do simples e facilmente perceptível?

3 comentários:

Daniela Filipini disse...

Simplesmente não sei responder às perguntas do final do post. Mas entendi o que você quis passar aos seus leitores.

cecília disse...

a minha pele falou mais que eu depois de ler hoje. só pra constar, não me arrepio com o que não me toca. eu me quero de volta.

Unknown disse...

Enquanto isso, no Dicionário Aurélio...