quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Respirar mata

A cada boa tragada de ar que perpassa e preenche o vazio do seu corpo, você está a um passo mais longe da imortalidade. O ar é a nossa droga fundamental. Respirar é o vício fundamental. A morte é fundamental.
Respire, não prolongue sua vida. Melhor, respire e prolongue sua vida.
Não se vive o tempo, se vive a vida. A vida não é o tempo que se vive, a vida é o que se vive. Então, porque se importar com o tempo?



Vladimir abriu os olhos esperando que aquele fosse o último dia de sua vida, mas não se apressou por isso. Porque viver com pressa? Porque morrer com pressa? Sentou em sua velha cadeira e escreveu algumas ideias, que couberam em poucas páginas, de sua obra em progresso. Pensava em Vanessa, em como começaram e em como terminaram. Vanessa era um magnífico girassol e ele um beija-flor à procura do néctar perfeito, assim os via. Mas ela era atordoada por um zangão que por ela era apaixonado, Tadeu. Ele era uma sombra sempre presente, circundando-a, impedindo que qualquer um chegasse perto do Girassol. O Girassol acreditava amar, acreditava saber o que era o amor e acreditava o ter pelo zangão. Mas como saber se ama alguém se há milhares de pessoas no mundo que se poderia conhecer e amar milhões de vezes mais? Vlad era um beija-flor especial como outro qualquer, nascera com a certeza de que havia a flor perfeita para você. Esperaria pelo néctar daquele Girassol por toda sua vida, mas todo o tempo de sua vida poderia não ser o suficiente. Ficaria a sua espera para sempre, mas de que adiantaria ser para sempre se jamais pudesse ser completo? Arriscou. Por um breve instante, entendeu sua razão de existir. Logo após experimentar o néctar mais precioso de sua vida, morreu, com um ferrão cravado em seu coração. Morreu Vlad, que vivera com sua flor muito, por muito pouco tempo, morreu Tadeu, que viveu sua pouca vida diluída em um tempo muito grande. E o girassol lá ficou, a espera do beija-flor que trouxe seu amor.



Morremos porque, em um dado momento, nossas células não se replicam mais. Talvez porque, nesse dado momento, nem as células vejam mais o sentido em serem iguais indefinidamente.

Um comentário:

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